"Retirei as Câmeras e Deixei o Crime Voltar": Comerciante Desabafa Após Denúncia de Vereador em Vitória
Caso segue sob investigação enquanto vereador é criticado nas redes por denunciar câmeras que ajudavam a combater crimes no Centro de Vitória. População acusa o poder público de “legalizar a impunidade”.

A segurança no Centro de Vitória entrou em colapso simbólico após a retirada de várias câmeras de videomonitoramento que ajudavam a inibir crimes na região. Instaladas pelo comerciante Eugênio Martini com recursos próprios e apoio da comunidade, as câmeras foram removidas após denúncia do então vereador André Moreira (PSOL), que alegou irregularidades na instalação dos equipamentos — como uso de postes públicos e energia elétrica da rede municipal.
No entanto, o caso ganhou forte repercussão pública e está longe de ser pacificado. O inquérito instaurado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) ainda está em andamento e apura as circunstâncias da denúncia feita por Moreira, que levou também à abertura de apuração pela concessionária de energia EDP.
Enquanto isso, o vereador enfrenta uma enxurrada de críticas em suas redes sociais. Internautas o acusam de prestar um "desserviço à população" ao usar argumentos de ilegalidade técnica para, na prática, permitir que crimes voltem a se proliferar na região. "Legalizaram a impunidade", escreveu um seguidor. "O senhor retirou as câmeras, mas não apresentou nenhuma solução para a violência. Parabéns pelo serviço ao contrário", ironizou outro.
Em vídeo publicado nas redes, Eugênio Martini expressou revolta com a situação. “Tudo de graça, nunca cobrei 1 centavo de ninguém. Perdi noites, limpei pichação, limpei ladrão, vim de madrugada correr atrás para socorrer vítimas. E esse aí é o 'agradecimento' do Poder Público”, afirmou. Ele também acusa o vereador de perseguição e diz que sua intenção sempre foi contribuir com a segurança do bairro, especialmente diante da omissão do Estado.
André Moreira, por sua vez, defende que sua ação se baseou em denúncias de moradores que relataram o uso indevido de postes públicos e a exposição de imagens de pessoas nas redes sociais do comerciante sem autorização. “Por mais bem-intencionado que o representado possa estar, ele não pode violar a lei para fazer justiça com as próprias mãos”, disse o ex-vereador na representação enviada ao MPES.
O episódio abriu um debate delicado sobre os limites da ação cidadã diante da ausência do Estado. Para muitos, o comerciante apenas ocupou o vazio deixado pelo poder público. Para outros, sua atuação extrapolou a legalidade e precisaria ser contida.
Enquanto a investigação segue e a tensão entre moradores, autoridades e comerciantes cresce, uma pergunta permanece sem resposta: quem protege, de fato, o Centro de Vitória?
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