“Ela já tinha pedido socorro”: Mulher é achada morta em valão de Cariacica e caso expõe falhas na proteção de vítimas de violência
Maria Francisca foi encontrada com sinais de estrangulamento; companheiro, que tem histórico de agressões, está foragido

O corpo de Maria Francisca de Souza, de apenas 39 anos, foi encontrado no fundo de um valão em São Conrado, Cariacica, como se sua vida tivesse sido descartada junto ao lixo urbano. A imagem choca: ali, entre lama, esgoto e resíduos, jazia uma mulher com marcas claras de estrangulamento. Uma mulher que, por inúmeras vezes, gritou por socorro — mas, como tantas outras, foi ignorada até o último suspiro.
Últimos passos: uma tarde comum, um destino trágico
Horas antes do corpo ser descoberto, testemunhas relataram ter visto o companheiro e o filho mais novo — um menino de apenas 5 anos, diagnosticado com autismo. Era para ser mais uma tarde qualquer. Mas foi a última. Desde então, o companheiro está desaparecido, arrastando com ele a sombra de um passado marcado por boletins de ocorrência e denúncias de agressões.
Um histórico de dor e omissão
Segundo registros da Polícia Civil, Maria já havia procurado ajuda. Era vítima de violência doméstica. Havia boletins de ocorrência abertos, pedidos de socorro registrados — mas que, como em tantos outros casos, não conseguiram protegê-la a tempo. A história de Maria é o reflexo cruel de um ciclo que se repete: o de mulheres que amam, resistem, denunciam… e mesmo assim morrem.
Investigação em curso, justiça em suspense
A Polícia trabalha com a hipótese de que Maria foi assassinada em outro local e teve o corpo desovado no valão, numa tentativa de ocultar o crime. O principal suspeito, o companheiro desaparecido, tem passagens por tráfico e outros delitos. Até o momento, ninguém foi preso. A criança, testemunha silenciosa de uma tragédia ainda maior, está sob cuidado das autoridades.
Um nome, uma vida, uma estatística a mais
Maria Francisca agora integra a triste estatística de mulheres mortas em contextos de violência doméstica. Mas ela não é só um número. Era mãe. Era filha. Era mulher. E teve sua voz calada da forma mais brutal possível. O que resta agora é a cobrança por justiça — e o compromisso, de todos, para que o grito de Maria não ecoe em vão.
Se você ou alguém que conhece sofre violência doméstica, não silencie. Ligue 180. A denúncia pode salvar uma vida — e impedir que mais histórias como a de Maria sejam interrompidas antes da hora.
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